Monday, January 23, 2006
Caráter da Revelação Espírita
Deste ponto de vista, todas as ciências que aos fazem conhecer os mistérios da Natureza são revelações e pode dizer-se que há para a Humanidade uma revelação incessante. A Astronomia revelou o mundo astral, que não conhecíamos; a Geologia revelou a formação da Terra; a Química, a lei das afinidades; a Fisiologia, as funções do organismo, etc.; Copérnico, Galileu, Newton, Laplace, Lavoisier foram reveladores.
A característica essencial de qualquer revelação tem que ser a verdade. Revelar um segredo é tornar conhecido um fato; se é falso, já não é um fato e, por conseqüência, não existe revelação. Toda revelação desmentida por fatos deixa de o ser, se for atribuída a Deus. Não podendo Deus mentir, nem se enganar, ela não pode emanar dele: deve ser considerada produto de uma concepção humana.
(...)
Desde que se admite a solicitude de Deus para com as suas criaturas, por que não se há de admitir que Espíritos capazes, por sua energia e superioridade de conhecimento, de fazerem que a Humanidade avance, encarnem pela vontade de Deus, com o fim de ativarem o progresso em determinado sentido? Por que não admitir que eles recebam missões, como um embaixador as recebe do seu soberano? Tal o papel dos grandes gênios. Que vêm eles fazer, senão ensinar aos homens verdades que estes ignoram e ainda ignorariam durante largos períodos, a fim de lhes dar um ponto de apoio mediante o qual possam elevar-se mais rapidamente? Esses gênios, que aparecem através dos séculos como estrelas brilhantes, deixando longo traço luminoso sobre a Humanidade, são missionários ou, se o quiserem, messias. O que de novo ensinam aos homens, quer na ordem física, quer na ordem filosófica, são revelações. Se Deus suscita reveladores para as verdades científicas, pode, com mais forte razão, suscitá-los para as verdades morais, que constituem elementos essenciais do progresso. Tais são os filósofos cujas idéias atravessam os séculos.
No sentido especial da fé religiosa, a revelação se diz mais particularmente das coisas espirituais que o homem não pode descobrir por meio da inteligência, nem com o auxílio dos sentidos e cujo conhecimento lhe dão Deus ou seus mensageiros, quer por meio da palavra direta, quer pela inspiração. Neste caso, a revelação é sempre feita a homens predispostos, designados sob o nome de profetas ou messias, isto é, enviados ou missionários, incumbidos de transmiti-la aos homens. Considerada debaixo deste ponto de vista, a revelação implica a passividade absoluta e é aceita sem verificação, sem exame, nem discussão.
Todas as religiões tiveram seus reveladores e estes, embora longe estivessem de conhecer toda a verdade, tinham uma razão de ser providencial, porque eram apropriados ao tempo e ao meio em que viviam, ao caráter particular dos povos a quem falavam e aos quais eram relativamente superiores. Apesar dos erros das suas doutrinas, não deixaram de agitar os espíritos e, por isso mesmo, de semear os germens do progresso, que mais tarde haviam de desenvolver-se, ou se desenvolverão à luz brilhante do Cristianismo. É, pois, injusto se lhes lance anátema em nome da ortodoxia, porque dia virá em que todas essas crenças tão diversas na forma, mas que repousam realmente sobre um mesmo princípio fundamental — Deus e a imortalidade da alma, se fundirão numa grande e vasta unidade, logo que a razão triunfe dos preconceitos. Infelizmente, as religiões hão sido sempre instrumentos de dominação; o papel de profeta há tentado as ambições secundárias e tem-se visto surgir uma multidão de pretensos reveladores ou messias, que, valendo-se do prestigio deste nome, exploram a credulidade em proveito do seu orgulho, da sua ganância, ou da sua indolência, achando mais cômodo viver à custa dos iludidos. A religião cristã não pôde evitar esses parasitas. A tal propósito, chamamos particularmente a atenção para o capítulo XXI de O Evangelho segundo o Espiritismo; “Levantar-se-ão falsos Cristos e falsos profetas”.
Haverá revelações diretas de Deus aos homens? É uma questão que não ousaríamos resolver, nem afirmativamente, nem negativamente, de maneira absoluta. O fato não é radicalmente impossível, porém, nada nos dá dele prova certa. O que não padece dúvida é que os Espíritos mais próximos de Deus pela perfeição se imbuem do seu pensamento e podem transmiti-lo. Quanto aos reveladores encarnados, segundo a ordem hierárquica a que pertencem e o grau a que chegaram de saber, esses podem tirar dos seus próprios conhecimentos as instruções que ministram, ou recebê-las de Espíritos mais elevados, mesmo dos mensageiros diretos de Deus, os quais, falando em nome de Deus, têm sido às vezes tomados pelo próprio Deus.
As comunicações deste gênero nada têm de estranho para quem conhece os fenômenos espíritas e a maneira pela qual se estabelecem as relações entre os encarnados e os desencarnados. As instruções podem ser transmitidas por diversos meios: pela simples inspiração, pela audição da palavra, pela visibilidade dos Espíritos instrutores, nas visões e aparições, quer em sonho, quer em estado de vigília, do que há muitos exemplos na Bíblia, no Evangelho e nos livros sagrados de todos os povos. É, pois, rigorosamente exato dizer-se que quase todos os reveladores são médiuns inspirados, audientes ou videntes. Daí, entretanto, não se deve concluir que todos os médiuns sejam reveladores, nem, ainda menos, intermediários diretos da divindade ou dos seus mensageiros.
Só os Espíritos puros recebem a palavra de Deus com a missão de transmiti-la; mas, sabe-se hoje que nem todos os Espíritos são perfeitos e que existem muitos que se apresentem sob falsas aparências, o que levou S. João a dizer:«Não acrediteis em todos os Espíritos; vede antes se os Espíritos são de Deus.» (Epíst. 1ª, cap. IV, v. 4.)
O Espiritismo, dando-nos a conhecer o mundo invisível que nos cerca e no meio do qual vivíamos sem o suspeitarmos, assim como as leis que o regem, suas relações com o mundo visível, a natureza e o estado dos seres que o habitam e, por conseguinte, o destino do homem depois da morte, é uma verdadeira revelação, na acepção científica da palavra.
Por sua natureza, a revelação espírita tem duplo caráter: participa ao mesmo tempo da revelação divina e da revelação científica. Participa da primeira, porque foi providencial o seu aparecimento e não o resultado da iniciativa, nem de um desígnio premeditado do homem; porque os pontos fundamentais da doutrina provêm do ensino que deram os Espíritos encarregados por Deus de esclarecer os homens acerca de coisas que eles ignoravam, que não podiam aprender por si mesmos e que lhes importa conhecer, hoje que estão aptos a compreendê-las. Participa da segunda, por não ser esse ensino privilégio de indivíduo algum, mas ministrado a todos do mesmo modo; por não serem os que o transmitem e os que o recebem seres passivos, dispensados do trabalho da observação e da pesquisa, por não renunciarem ao raciocínio e ao livre-arbítrio; porque não lhes é interdito o exame, mas, ao contrário, recomendado; enfim, porque a doutrina não foi ditada completa, nem imposta à crença cega; porque é deduzida, pelo trabalho do homem, da observação dos fatos que os Espíritos lhe põem sob os olhos e das instruções que lhe dão, instruções que ele estuda, comenta, compara, a fim de tirar ele próprio as ilações e aplicações. Numa palavra, o que caracteriza a revelação espírita é o ser divina a sua origem e da iniciativa dos Espíritos, sendo a sua elaboração fruto do trabalho do homem.
Allan Kardec, A Gênese, Cap. 1 (Recomenda-se a leitura integral do capítulo)
Wednesday, January 18, 2006
Conhecimento do princípio das coisas
Segundo nos informam os espíritos na Codificação, “Deus não permite que ao homem tudo seja revelado neste mundo.” Assim, não lhe é dado conhecer o princípio das coisas. Somente à medida que ele se depura é que o véu das coisas ocultas “se levanta a seus olhos; mas, para compreender certas coisas, são precisas faculdades que ainda não possui.”
Pela ciência, que lhe foi dada para seu adiantamento em todas as coisas, pode o homem usando a investigação, penetrar alguns segredos da natureza. “Porém, não pode ultrapassar os limites que Deus estabeleceu.”
E Allan Kardec, anota:
“Quanto mais consegue o homem penetrar nesses mistérios, quanto maior admiração lhe devem causar o poder e a sabedoria do criador. No entanto, seja por orgulho ou por fraqueza, a sua própria inteligência fá-lo joguete da ilusão. Ele amontoa sistemas sobre sistemas, e cada dia que passa lhe mostra quantos erros tomou por verdades e quantas verdades rejeitou como erros. São outras tantas decepções para o seu orgulho.”
Outrossim, se julgar conveniente, Deus pode revelar ao homem o que à ciência não é dado apreender. Desse modo, o homem pode receber comunicações de ordem mais elevadas acerca do que lhe escapa ao testemunho dos sentidos. É por essas comunicações “que o homem adquire, dentro de certos limites, o conhecimento do seu passado e do seu futuro.”
Em "Obras Póstumas", de Allan Kardec, 1.ª parte, § 3.º, encontramos: “O princípio das coisas reside nos arcanos de Deus.”
Tudo diz que Deus é o autor de todas as coisas, mas como, e quando, as criou ele? A matéria existe, como ele, de toda a eternidade? Ignoramo-lo. Acerca de tudo, que ele não julgou conveniente revelar-nos, apenas se podem erguer sistemas, mais ou menos prováveis. Dos efeitos que observamos, podemos remontar a algumas causas. Há, porém, um limite, que não nos é possível transpor. Querer ir além é, simultaneamente, perder tempo e cair em erro.”
Retirado do site: http://www.espirito.org.br/portal/cursos/cbe-adep/caderno04-o-principio.html
Tuesday, January 17, 2006
Definição de Deus
As causas secundárias da vida se explicam, mas a causa primária permanece inacessível em sua Imensidade. Só chegaremos a compreendê-la depois de termos atravessado a morte bastantes vezes.
Para resumir, tanto quanto podemos, tudo o que pensamos referente a Deus, diremos que Ele é a Vida, a Razão, a Consciência em sua plenitude. É a causa eternamente operante de tudo o que existe. É a comunhão universal onde cada ser vai sorver a existência, a fim de, em seguida, concorrer, na medida de suas faculdades crescentes e de sua elevação, para a harmonia do conjunto.
Eis-nos bem longe do Deus das religiões, do Deus “forte e cioso” que se cerca de coriscos, reclama vítimas sangrentas e pune os réprobos por toda a eternidade. Os deuses antropomórficos passaram. Fala-se ainda muito de um Deus a quem são atribuídas as fraquezas e as paixões humanas, porém esse Deus vê todos os dias diminuir o seu império.
Até aqui o homem só viu Deus através de seu próprio ser, e a idéia que dele fez variava segundo o contemplava por uma ou outra de suas faculdades. Considerado pelo prisma dos sentidos, Deus é múltiplo; todas as forças da Natureza são deuses; assim nasceu o Politeismo. Visto pela inteligência, Deus é duplo: espírito e matéria; daí o Dualismo. A razão esclarecida ele aparece triplo: alma, espírito e corpo. Esta concepção deu nascimento às religiões trinitárias da Índia e ao Cristianismo. Percebido pela vontade, faculdade soberana que resume todas as outras, compreendido pela intuição íntima, que é uma propriedade adquirida lentamente, assim como todas as faculdades do gênio, Deus é Uno e Absoluto. Nele se ligam os três princípios constitutivos do Universo para formarem uma Unidade viva.
Assim se explica a diversidade das religiões e dos sistemas, tanto mais elevados quanto têm sido concebidos por espíritos mais puros e mais esclarecidos. Quando se consideram as coisas por cima, as oposições de Idéias, as religiões e os fatos históricos se explicam e se reconciliam numa síntese superior.
A idéia de Deus, debaixo das formas diversas em que o têm revestido, evolve entre dois escolhos nos quais esbarraram numerosos sistemas. Um é o Panteísmo, que conclui pela absorção final dos seres no grande Todo. Outro é a noção do Infinito, que do homem afasta Deus, e por tal sorte que até parece suprimir toda a relação entre ambos.
A noção do infinito foi combatida por certos filósof os. Embora incompreensível, não se poderia abandoná-la, porque reaparece em todas as coisas. Por exemplo: que há de mais sólido do que o edifício das ciências exatas? O número é a sua base. Sem o número não há matemáticas. Ora, é impossível, decorressem mesmo séculos, encontrar o número que exprima a Infinidade dos números cuja existência o pensamento nos demonstra. O número é Infinito; o mesmo sucede com o tempo e com o espaço. Além dos limites do mundo Invisível, o pensamento procura outros limites que incessantemente se furtam à sua apreensão.
Depois da Morte, Léon Denis, Cap. IX, pág. 121.
Monday, January 16, 2006
DEUS
Os Espíritos definiram Deus como “(...) a Inteligência Suprema, causa primária de todas as coisas.” (01) Ora, nesse conjunto imenso de mundos e coisas que constituem o Universo, tal é a grandeza, a magnitude, e são tais a ordem e a harmonia, que, tudo isso, pairando infinitamente acima da capacidade do homem, só pode atribuir-se a Onipotência criadora de um Ser Supremamente inteligente e sábio, Criador necessário do tudo que existe. Deus, porém, não pode ser percebido pelo homem em sua divina essência. Mesmo depois de desencarnado, dispondo de faculdades perceptivas menos materiais, não pode ainda o Espírito imperfeito perceber totalmente a natureza divina.
Pode, entretanto o homem, ainda no estágio de relativa inferioridade em que se encontra, ter convincentes provas de que Deus existe, mas advindas por dois outros caminhos, que transcendem aos dos sentidos: o da razão e o do sentimento.
Racionalmente, não é possível admitir um efeito sem causa. Olhando o Universo imenso, a extensão infinita do espaço, a ordem e harmonia a que obedece a marcha dos mundos inumeráveis; olhando ainda os seres da Natureza, Os minerais com suas admiráveis formas cristalinas, o reino vegetal em sua exuberância, numa variedade de plantas quase infinita,
Os animais com seus portes altivos ou a fragrância de certas aves e as miríades de insetos; sondando também o mundo microscópico com incontáveis formas unicelulares; toda essa imensidão, profusão e beleza nos obriga a crer em Deus, como causa necessária. Mas se preferirmos contemplar apenas o que é o nosso próprio corpo, quanta harmonia também divisaremos na nossa roupagem física, nas funções que se exercem a revelia de nossa vontade num ritmo perfeito. Nas maravilhas que São os nossos sentidos; os olhos admiravelmente dispostos para receber a luz refletida nos corpos, condicionando no piano físico a percepção dos
objetos e das cores; o ouvido, adredemente estruturado a percepção de sons, melodias e grandiosas sinfonias; o olfato, o gosto, o tato, outros tantos sentidos que nos permitem instruir-
nos sobre a objetividade das coisas. Toda essa perfeição, a harmonia da natureza humana e do mundo exterior ao homem, só pode ser criação de um Ser Supremamente Inteligente e Sábio, o qual chamamos de Deus.
É pelo sentimento, mais do que pelo raciocínio, que o homem pode compreender a existência de Deus. Porém, há no homem, desde o mais primitivo até o mais civilizado, a idéia inata da existência de Deus. Acima, pois, do raciocínio lógico prova-nos a existência de Deus a intuição que dele temos. E, Jesus, ensinado-nos a orar no-lo revelou como o Pai: Pai Nosso, que estás no Céu, Santificado seja o teu nome (...) (02)
ESDE
Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita
Programa II
Unidade 1
Sub-unidade 1
O Espiritismo, portanto, tem na existência de Deus o princípio maior, que está na base mesma desta Doutrina. Sem pretender dar ao homem o conhecimento da Natureza Intima de Deus, permite-se argumentar que prova a sua existência a realidade palpitante e viva do Universo.
Se este existe, há de ter um divino Autor.
TEXTO 2
“(...) A história da idéia de Deus mostra-nos que ela sempre foi relativa ao grau de intelectualidade dos povos e de seus legisladores, correspondendo aos movimentos civilizadores, a poesia dos climas, as raças, a florescência de diferentes povos; enfim, aos progressos
espirituais da Humanidade. Descendo pelo curso dos tempos, assistimos sucessivamente aos desfalecimentos e tergiversações dessa idéia imperecível, que, as vezes fulgurante e outras vezes eclipsada, pode, todavia, ser identificada sempre, nos fastos da Humanidade.” (05)
Nos movimentos revolucionários que aos poucos foram transformando a mentalidade da sociedade humana; as custas das idéias, opiniões e conceitos emitidos pelos sábios, filósofos, cientistas ou religiosos, podemos dizer que se de um lado (...) a ignorância havia humanizado Deus (...) a Ciência diviniza-o (...)” (04) por outro.
“(...) Outrora, Deus foi homem; hoje Deus é Deus. (...) O Ser Supremo, criado a imagem do homem, hoje vê apagar-se pouco a pouco essa imagem, substituída por uma realidade sem forma. (...) Outrora, Júpiter empunhava o raio, Apolo conduzia o Sol, Netuno senhoreava os mares... Na idolatria dos budistas, Deus ressuscitava um morto sobre o Tumulo de um santo, fazia falar um mudo, ouvir um surdo, crescer um carvalho numa noite, emergir d’água um afogado... Desvendava a um estático as zonas do terceiro céu, imunizava do fogo, são e salvo, um santo mártir, transportava um pregador, num abrir e fechar de olhos, a cem léguas de distância, e derrogava, a cada momento, as suas próprias, eternas leis... (...) A maioria dos crentes em Deus o conceituam como um super-homem, alhures assentado acima das nossas cabeças, presidindo os nossos atos. (...)” (04)
Na realidade, pouco sabemos sobre a natureza divina. “(...) Ele não é o Varouna dos árias, o Elim dos egípcios, o Tien dos chineses, o Ahoura-Mazda dos persas, o Brama ou Buda dos indianos, o Jeová dos hebreus, o Zeus dos gregos, o Júpiter dos latinos, nem o que os pintores da Idade Media entronizaram na cúspide dos céus.
Nosso Deus é um Deus ainda desconhecido, qual o era para os Vedas e para os sábios do Areópago de Atenas. (...)” (04) No entanto, no estado evolutivo em que nos encontramos podemos sentir “(...) que Deus não é abstração metafísica (...) ideal que não existe (...). Não,
Deus é um ser vivo, sensível, consciente. Deus é uma realidade ativa. Deus e nosso pai, nosso guia, nosso condutor, nosso melhor amigo; por pouco que lhe dirijamos nossos apelos e que lhe abramos nosso coração, Ele nos esclarecerá, com sua luz, nos aquecerá no seu amor, expandirá sobre nós sua Alma imensa, sua Alma rica de todas as perfeições; por Ele e nEle somente nos sentiremos felizes e verdadeiramente irmãos; fora dEle só encontraremos obscuridade, incerteza, decepção, dor e miséria moral. (...)”. (03)
Tal é o conceito que a nossa inteligência, na fase evolutiva em que se encontra, pode fazer de Deus.
Texto Extraído do Programa II do ESDE Editado Pela FEB
FONTES DE CONSULTA
01 - KARDEC, Allan, In: O Livro dos Espíritos. Trad. de Guillon Ribeiro. Rio de Janeiro,
FEB, 76. ed., 1995. Perg. 1. pág 51.
02 - Perg. 09 e comentário, pág. 53.
03 - DENIS, Léon. Ação de Deus no Mundo e na História. In: . O Grande Enigma. 7. ed. Rio
de Janeiro, FEB, 1983. Pág. 106.
04 - FLAMMARION, Camille. Deus. In: Deus na Natureza. Trad. De M. Quintão. 5. ed. Rio
de Janeiro: FEB, 1987. págs. 383-384.
05 - Pág. 385.
Friday, January 13, 2006
Sistema do reflexo
Se o pensamento externado fora sempre o dos assistentes, a teoria da reflexão estaria confirmada. Mas, embora reduzido a estas proporções, já não seria do mais alto interesse o fenômeno? Já não seria coisa bastante notável o pensamento a repercutir num corpo inerte e a se traduzir pelo movimento e pelo ruído? Já não haveria aí o que excitasse a curiosidade dos sábios? Por que então a desprezaram eles, que se afadigam na pesquisa de uma fibra nervosa?
Só a experiência, dizemos, podia confirmar ou condenar essa teoria, e a experiência a condenou, porquanto demonstra a todos os momentos, e com os mais positivos fatos, que o pensamento expresso, não somente pode ser estranho ao dos assistentes, mas que lhes é, muitas vezes, contrário; que contradiz todas as idéias preconcebidas e frustra todas as previsões. Com efeito, difícil me é acreditar que a resposta provenha de mim mesmo, quando, a pensar no branco, se me fala em preto.
Em apoio da teoria que apreciamos, costumam invocar certos casos em que são idênticos o pensamento manifestado e o dos assistentes. Mas, que prova isso, senão que estes podem pensar como a inteligência que se comunica? Não há por que pretender-se que as duas opiniões devam ser sempre opostas.Quando, no curso de uma conversação, o vosso interlocutor emite um pensamento análogo ao que vos está na mente, direis, por isso, que de vós mesmos vem o seu pensamento? Bastam alguns exemplos em contrário, bem comprovados, para que positivado fique não ser absoluta esta teoria.
Como explicar, pela reflexão do pensamento, as escritas feitas por pessoas que não sabem escrever; as respostas do mais alto alcance filosófico, obtidas por indivíduos iletrados; as respostas dadas a perguntas mentais, ou em língua que o médium desconhece e mil outros fatos que não permitem dúvida sobre a independência da inteligência que se manifesta? A opinião oposta não pode deixar de resultar de falta de observação.
Provada, como está, moralmente, pela natureza das respostas, a presença de uma inteligência diversa da do médium e da dos assistentes, provada também o está, materialmente, pelo fato da escrita direta, isto é, da escrita obtida espontaneamente, sem lápis, nem pena, sem contacto e mau grado a todas as precauções tomadas contra qualquer subterfúgio. O caráter inteligente do fenômeno não pode ser posto em dúvida: logo, há nele mais alguma coisa do que uma ação fluídica. Depois, a espontaneidade do pensamento expresso contra toda expectativa e sem que alguma questão tenha sido formulada, não consente se veja nele um reflexo dos assistentes.
Em alguns casos, o sistema do reflexo é bastante descortês. Quando, numa reunião de pessoas honestas, surge inopinadamente uma dessas comunicações de revoltante grosseria, fora desatencioso, para com os assistentes, pretender-se que ela haja provindo de um deles, sendo provável que cada um se daria pressa em repudiá-la. (Vede O Livro dos Espíritos, “Introdução”, § 16.)
Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, 1ª Parte, Cap. 4, item 43.
Thursday, January 12, 2006
Sistema sonambúlico
Poder-se-ia acreditar que fosse assim, se o médium tivesse sempre ar de inspirado ou de extático, aspecto que, aliás, lhe seria fácil aparentar perfeitamente, se quisesse representar uma comédia. Como, porém, se há de crer na inspiração, quando o médium escreve como uma máquina, sem ter a mínima consciência do que está obtendo, sem a menor emoção, sem se ocupar com o que faz, distraído, rindo e conversando de uma coisa e de outra? Concebe-se a sobreexcitação das idéias, mas não se compreende possa fazer que uma pessoa escreva sem saber escrever e, ainda menos, quando as comunicações são transmitidas por pancadas, ou com o auxílio de uma prancheta, de uma cesta.
No curso desta obra (O Livro dos Médiuns), teremos ocasião de mostrar a parte que se deve atribuir à influência das idéias do médium.Todavia, tão numerosos e evidentes são os fatos em que a inteligência estranha se revela por meio de sinais incontestáveis, que não pode haver dúvida a respeito. O erro da maior parte dos sistemas, que surgiram nos primeiros tempos do Espiritismo, está em haverem deduzido, de fatos insulados, conclusões gerais.
Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, 1ª Parte, Cap. IV, item 45.
Provas de identidade
Os fenômenos físicos ofereceram de início apenas uma base insuficiente de argumentação ; mas, depois, os fatos se revestiram de um caráter inteligente. Eles foram acentuados ao ponto de que toda negação se tornou impossível.
É pelas provas positivas que a questão da existência da alma e de sua imortalidade foram decididas. As radiações do pensamento foram fotografadas ; o espírito, revestido de seu corpo fluídico, de seu envelope imperecível, aparece sobre a placa sensível. Sua existência se mostra assim tão certa quanto a do corpo físico.
A identidade dos Espíritos é estabelecida por fatos inumeráveis ; cremos dever citar alguns:
O Sr. Oxon (Stainton Moses), professor na Universidade de Oxforrd, em seu livro 'Spirit Identity', relata o caso onde uma mesa fez uma narração longa e circunstanciada da morte, da idade, até o nome do mês, e dos nomes (quatro para um dentre eles e três para um outro) de três pequenos seres, filhos de um mesmo pai, que tinham sido levados subitamente pela morte. " Nenhum de nós tinha conhecimento desses nomes pouco comuns. Foram mortos na Índia, e, quando a mensagem nos foi dada, não tínhamos nenhum meio aparente de verificação. " Esta revelação foi entretanto controlada e reconhecida sua exatidão mais tarde, pela testemunha da mãe das crianças, que o Sr. Oxon conheceu posteriormente.
O mesmo autor cita o caso de um senhor chamado Abraham Florentine, morto nos Estados Unidos, totalmente desconhecido dos experimentadores, e cuja identidade foi rigorosamente constatada, assim como a data de sua morte : 5 de Agosto de 1874. Oxon concluiu quanto a esse fato : " Há, no caráter da prova singularmente significativa que tínhamos obtido nessa ocasião, uma demonstração muito evidente do retorno daqueles nos deixaram, que não pode falhar de fornecer aos leitores matéria para as mais sérias reflexões.. Um fato positivo, é que jamais nenhum dentre nós tinha ouvido falar de Abraham Fiorentine ; não tínhamos amigos na América que nos dessem as novidades do que se passava, e, mesmo que algo tivéssemos tido, teriam então certamente falado de uma circunstância que não nos interessava de nenhuma forma. Para concluir, afirmo novamente, no interesse da verdade, que o nome, como também os fatos, eram totalmente desconhecido a nós três. "
A história de Siegwart Lekebush, jovem alfaiate que pereceu esmagado por um trem na ferrovia, prova ainda que é contrário à verdade afirmar que as personalidades que se manifestam pela mesa são sempre conhecidos dos assistentes.
Segundo Animismo e Espiritismo, de Aksakof, a identidade póstuma dos espíritos prova-se :
Pelas comunicações da personalidade em sua língua materna, ignorada do médium (ver p.538, o caso da Sra. Edmonds, do Sr. Turner, da Sra. Scongall e da Mme Corwin, que se entendeu com um dos participantes por meio de gestos emprestados ao alfabeto dos surdo-mudos, que lhe era desconhecido no estado de vigília).
Por meio de comunicações dadas no estilo característico do defunto, com as expressões que lhe eram familiares, recebidas na ausência de pessoas que o tinham conhecido (p. 543). " Acabamento de um romano " de Dickens, Edwin Drood, por um jovem trabalhador iletrado, sem que fosse possível constatar onde termina o manuscrito original e onde começa a comunicação medianímica.Ver por exemplo a história de Luís XI, escrita pela Srta. Hermance Dufaux, com 14 anos de idade (Revista Espírita, 1858). Esta história, muito documentada, contém informações até então inéditas.
Pelos fenômenos da escrita onde se reconhece aquela do defunto (p. 345). Carta da Sra. Livermore, escrita por ela mesma após sua morte. Este espírito estabeleceu sua identidade mostrando, escrevendo e conversando como fazia durante sua vida.
Fato notável : o espírito escreveu, em francês mesmo, língua ignorada pela médium, Kate Fox.
O caso onde o Sr. Owen obtém uma assinatura do espírito que foi reconhecida como idêntica por um banqueiro (ver Guldenstubbe, La Réalité des Esprits). Escrita direta de uma parente do autor, reconhecida idêntica à sua escrita quando vivo (Esses fatos têm sido obtidos inúmeras vezes em nosso próprio círculo de experiências).
Pelas comunicações contendo um conjunto de detalhes relativos à vida do defunto, e recebidas na ausência de qualquer pessoa conhecida (ver p. 436). Pela mediunidade da Sra. Conant, um grande número de espíritos desconhecidos da médium tem sido identificados com pessoas que viveram em diferentes países (p. 559 e seguintes). O caso do velho Chamberlain, aquele de Violette, de Robert Dale Owen, etc.
Pela comunicação de fatos que só eram conhecidos pelo defunto e que, sozinho, pode comunicar (ver p. 466). O caso dos filhos do doutor Davey, envenenado e jogado no mar, fato reconhecido exato pelo seguinte : descoberta do testamento do barão Korff ; o espírito Jack, que indica o que ele devia e o que lhe era devido, etc.
Pelas comunicações que não são espontâneas, como aquelas que precedem, mas provocadas pelos apelos diretos do defunto, e recebidas na ausência de pessoas que o conheciam (ver p. 585). Resposta, pelos espíritos, a cartas fechadas (médium Mansfield). Escrita direta dando resposta à uma questão desconhecida do médium, o Sr. Watkins.
Pelas comunicações recebidas na ausência de todas as pessoas conhecidas do defunto, e que trazem certos estados psíquicos ou provocam sensações físicas que lhe eram próprias (p. 597). O espírito de uma louca, ainda perturbada no espaço. O caso do Sr. Elie Pond, de Woonsoket, etc.(Esses fenômenos são produzidos em número considerável de vezes nas seções dirigidas por nós mesmos).
Pela aparição da forma terrestre do defunto (p. 605).
Por vezes, os espíritos possuem defeitos naturais de seu organismo material para se fazerem reconhecer após sua morte, reproduzindo esses acidentes nas materializações. Algumas vezes, é uma mão com dois dedos recurvados sobre a palma, outra de uma queimadura, ou bem como o indicador dobrado sobre a segunda falange, etc.
Para saber mais:
O mundo invisível e a guerra Léon Denis (c. XXV, Provas de identidade)
Cristianismo e Espiritismo Léon Denis (n°12, Os fenômenos espíritas contemporâneos; provas de identidade)
No Invisível Léon Denis (2ª parte, cap. XXI, Identidade dos Espíritos)
O fenômeno Espírita Gabriel Delanne (2ª parte, c. II, Provas absolutas…)
La société anglo-américaine pour les recherches psychiques de Bennet (ch. VI, Preuves de l'existence d'intelligences autres…)
Aprés la mort de Camille Flammarion (ch. XI, Les manifestations des morts…)
Raymond ou la vie après la mort de Sir Oliver Lodge
Retirado do site: http://www.espirito.org.br/portal/artigos/unidual/curso-43.html
Wednesday, January 11, 2006
O Segredinho da Vida
1. SERES ORGÂNICOS: TRAZEM EM SI UMA FONTE DE ATIVIDADE INTIMA QUE LHES DA A VIDA, ELES NASCEM, CRESCEM, REPRODUZEM POR SI SÓ E MORREM. SÃO ELES OS HOMENS, PLANTAS E ANIMAIS.
2. SERES INORGÂNICOS: NÃO POSSUEM ESSA FONTE DE ATIVIDADE, NÃO TEM MOVIMENTOS PROPRIOS E SE FORMAM POR AGREGAÇÃO DA MATERIA. SÃO ELES OS MINERAIS (oxigênio, hidrogênio, azoto, carbono), AGUA, AR E OUTROS........
A FORÇA QUE UNE OS DOIS É A MESMA, É A LEI DA ATRAÇÃO.
A MATERIA DOS DOIS GRUPOS OU SEJA DAS PLANTAS, DO HOMEM, DOS ANIMAIS, DO MINERAL SÃO AS MESMAS SÓ QUE NO SERES ORGÂNICOS ELA ESTÁ ANIMALIZADA PELO PRINCÍPIO VITAL (O SEGREDINHO DA VIDA).
ESSE SEGREDO (PRINCIPIO VITAL) É ATIVO NO SER VIVENTE E EXTINTO NO MORTO.
CURIOSIDADE:
A QUÍMICA COMPÕE E RECOMPÕE OS CORPOS INORGÂNICOS (que não têm vida).
A MESMA QUÍMICA DECOMPÕE OS CORPOS ORGANICOS, POREM JAMAIS RECONSTITUIU UMA SIMPLES FOLHA MORTA
ISSO TRAZ A PROVA EVIDENTE DE QUE NO ORGANICO HÁ ALGUMA COISA QUE NÃO EXISTE NO INORGANICO.
SERIA O PRINCIPIO VITAL, O SEGREDO DA VIDA.
O PRINCIPIO VITAL TEM SUA FONTE NO FLUIDO COSMICO UNIVERSAL.
O PRINCIPIO VITAL É O MESMO PARA TODOS OS SERES, ELE SE MODIFICA SEGUNDO CADA ESPECIE.
O PRINCIPIO VITAL DA O MOVIMENTO E A ATIVIDADE A MATERIA E OS DISTINGUE DA MATERIA INERTE (da pedra, água)
A VIDA
É A UNIÃO DA MATERIA COM O PRINCIPIO VITAL.
OS SERES ORGANICOS CONTEM O PRINCIPIO VITAL LATENTE. QUANDO O ORGANISMO AGE SOBRE O PRINCIPIO VITAL PRODUZ O FLUIDO VITAL E O DESENVOLVIMENTO DO SER COMEÇA.
POR EXEMPLO: A ROSEIRA: QUANDO EXTRAIMOS A MUDA DELA O TALO ESTA CHEIO DE PRINCIPIO VITAL QUE VEIO DA PROPRIA ROSEIRA, EM CONTATO COM A TERRA, AGUA, E LUZ, ORGANISMO AGE SOBRE O PRINCIPIO VITAL PRODUZ O FLUIDO VITAL E A PLANTA COMEÇA A SE DESENVOLVER.
O OVO: EXISTE UM PRINCIPIO VITAL LATENTE, QUANDO ESSE OVO É COLOCADO PARA CHOCAR UM AGE SOBRE O OUTRO, PRODUZ O FLUIDO VITAL E O DESENVOLVIMENTO DO PINTINHO COMEÇA.
O FEIJÃO: OU QUALQUER SEMENTE. O PRINCIPIO DA VIDA ESTÁ LÁ. BASTA DARMOS CONDIÇÕES (AGUA, TERRA, LUZ) UM AGE SOBRE O OUTRO, PRODUZ O FLUIDO VITAL E COMEÇA O CRESCIMENTO DA PLANTA.
O MESMO ACONTECE COM OS ANIMAIS E O HOMEM.
O CONJUNTO DOS ORGÃOS INTERNOS (que são o coração, pulmão, os rins, o fígado, o baço, o pâncreas) CONSTITUI UM MECANISMO QUE RECEBE O IMPULSO DO PRINCIPIO VITAL, QUANDO OS ORGÃOS RECEBEM ESSA FORÇA, COMEÇAM A TRABALHAR E PRODUZEM O FLUIDO VITAL
A MORTE
A CAUSA DA MORTE NOS SERES ORGANICOS É A EXAUSTÃO, O ESGOTAMENTO DOS ORGÃOS.
OS ORGÃOS TRABALHAM EM HARMONIA, QUANDO ALGO DESTROI ESSE MECANISMO AS FUNÇÕES ACABAM E O PRINCIPIO VITAL FICA IMPOTENTE PARA PÔ-LO EM MOVIMENTO.
A CENTELHA DIVINA CRIADORA DA VIDA, NELE NÃO EXISTE MAIS.
QUANDO FALAMOS EM MORTE, ESTAMOS FALANDO DA MATERIA, DO CORPO, PORQUE O ESPIRITO NÃO MORRE JAMAIS.
COM A MORTE, A MATERIA SOFRE NOVAS COMBINAÇÕES E FORMAM OUTROS SERES, AS BACTERIAS, OS MICRO-ORGANISMOS E QUANDO ELES FIZEREM SEU PAPEL NA DECOMPOSIÇÃO DESTA MATERIA, TAMBEM DEIXAM DE EXISTIR E VOLTAM PARA A FONTE DE ONDE VIERAM DO FLUIDO COSMICO UNIVERSAL.
FLUIDO VITAL
A QUANTIDADE DE FLUIDO VARIA SEGUNDO AS ESPÉCIES E NÃO É CONSTANTE EM NENHUMA DELAS.
ISTO É JOÃO PODE TER MAIS FLUIDO QUE MARIA, JOAQUIM MENOS QUE JOÃO, E UM DIA JOÃO QUE TINHA BASTANTE PODE VIR A PRECISAR.
O FLUIDO VITAL PODE SE ESGOTAR E DEVEMOS SEMPRE RENOVA-LOS.
RENOVAMOS NOSSOS FLUIDOS ATRAVES DE NOSSA ALIMENTAÇÃO, TRANSFUSÃO DE SANGUE, DOAÇÃO DE ORGÃOS, ORAÇÕES, PALAVRAS DE OTIMISMO, MANTENDO NOSSO BOM ANIMO, EVITANDO AS TRISTEZAS PROFUNDAS, DEPRESSÕES, RENOVAMOS PELOS PASSES QUE NADA MAIS É QUE UMA TRANSMISSÃO DE FLUIDOS DE UMA PESSOA PARA A OUTRA.
INTELIGENCIA E INSTINTO
A INTELIGENCIA NÃO TEM NADA A VER COM O PRINCIPIO VITAL, TANTO QUE AS PLANTAS, OS ANIMAIS NÃO PENSAM E TEM PRINCIPIO VITAL.
UM CORPO PODE VIVER SEM INTELIGENCIA.(plantas e animais)
LOGO A INTELIGENCIA PRECISA DE UM CORPO E DE UM ESPIRITO.(humanos)
OS ANIMAIS AGEM PELO INSTINTO.
OS HOMENS AGEM PELO INSTINTO E PELA INTELIGENCIA.
O INSTINTO E A INTELIGENCIA NO HOMEM SE CONFUNDEM, MAS SE PRESTARMOS BEM ATENÇÃO SABEREMOS QUANDO USAMOS UM E OUTRO.
O INSTINTO É ATO INVOLUNTÁRIO.
EXEMPLO QUE O HOMEM USA O INSTINTO:
ANDAR É UM INSTINTIVO, AGORA PENSAR NO CAMINHO QUE ELE VAI TOMAR, VIRAR PARA DIREITA DUAS PARA ESQUERDA É A INTELIGENCIA.
SE ELE ESTA ANDANDO ELE VÊ UM BURACO, PULA.
SE ELE FOR PENSAR O QUE VAI FAZER, MANDAR ESSA INFORMAÇÃO PARA O CEREBRO PROCESSAR ELE JÁ CAIU NO BURACO.
A FONTE DA INTELIGENCIA ESTÁ NA INTELIGENCIA UNIVERSAL E É PROPRIA DE CADA UM.
O INSTINTO É UMA INTELIGENCIA NÃO RACIONAL, ELE AJUDA A PROVER AS NECESSIDADES (FOME, FRIO, CALOR, PERIGO, SEDE).
O INSTINTO NO HOMEM SEMPRE VAI EXISTIR MESMO QUE ELE FIQUE CADA VEZ MAIS INTELIGENCIA ELE FARÁ PARTE DELE.
É O INSTINTO CONDUZ O HOMEM COM MAIS SEGURANÇA DO QUE A RAZÃO. SÓ QUE O HOMEM ESCUTA MAIS A RAZAÕ DO QUE OS CONSELHOS DOS INSTINTOS.
A RAZÃO PERMITE O HOMEM A ESCOLHER (LIVRE ARBITRIO) E SEUS VICIOS E MÁS PAIXÕES, TENDENCIA AO MAL FAZ COM QUE ELE NEM SEMPRE ACERTE.
PESQUISA: Fluidos e Passes (Terezinha Oliveira)
Curso Básico de Espiritismo 1 Ano (FEESP)
A gênese capitulo X
Livro dos Espíritos capitulo IV
Segredinho da Vida (Terezinha Zizi da Silva)
Sistema pessimista, diabólico ou demoníaco
Compreende-se que a crença na comunicação exclusiva dos demônios, por muito irracional que seja, não houvesse parecido impossível, quando se consideravam os Espíritos como seres criados fora da humanidade. Mas, desde que se sabe que os Espíritos são simplesmente as almas dos que hão vivido, ela perdeu todo o seu prestígio e pode-se dizer que toda a verossimilhança, porquanto, admitida, o que se seguiria é que todas essas almas eram demônios, embora fossem as de um pai, de um filho, ou de um amigo e que nós mesmos, morrendo, nos tornaríamos demônios, doutrina pouco lisonjeira e nada consoladora para muita gente. Bem difícil será persuadir a uma mãe de que o filho querido, que ela perdeu e que lhe vem dar, depois da morte, provas de sua afeição e de sua identidade, é um suposto satanás. Sem dúvida, entre os Espíritos, há-os muito maus e que não valem mais do que os chamados demônios, por uma razão bem simples: a de que há homens muito maus que, pelo fato de morrerem, não se tornam bons. A questão está em saber se só eles podem comunicar-se conosco. Aos que assim pensem, dirigimos as seguintes perguntas:
1º Há ou não Espíritos bons e maus?
2º Deus é ou não mais poderoso do que os maus Espíritos, ou do que os demônios, se assim lhes quiserdes chamar?
3º Afirmar que só os maus se comunicam é dizer que os bons não o podem fazer. Sendo assim, uma de duas: ou isto se dá pela vontade, ou contra a vontade de Deus. Se contra a Sua vontade, é que os maus Espíritos podem mais do que Ele; se, por vontade Sua, por que, em Sua bondade, não permitiria Ele que os bons fizessem o mesmo, para contrabalançar a influência dos outros?4º Que provas podeis apresentar da impossibilidade em que estão os bons Espíritos de se comunicarem?
5º Quando se vos opõe a sabedoria de certas comunicações, respondeis que o demônio usa de todas as máscaras para melhor seduzir. Sabemos, com efeito, haver Espíritos hipócritas, que dão à sua linguagem um verniz de sabedoria; mas, admitis que a ignorância pode falsificar o verdadeiro saber e uma natureza má imitar a verdadeira virtude, sem deixar vestígio que denuncie a fraude?
6º Se só o demônio se comunica, sendo ele o inimigo de Deus e dos homens, por que recomenda que se ore a Deus, que nos submetamos à vontade de Deus, que suportemos sem queixas as tribulações da vida, que não ambicionemos as honras, nem as riquezas, que pratiquemos a caridade e todas as máximas do Cristo, numa palavra: que façamos tudo o que é preciso para lhe destruir o império, dele, demônio? Se tais conselhos o demônio é quem os dá, forçoso será convir em que, por muito manhoso que seja, bastante inábil é ele, fornecendo armas contra si mesmo.
7º Pois que os Espíritos se comunicam, é que Deus o permite. Em presença das boas e das más comunicações, não será mais lógico admitir-se que umas Deus as permite para nos experimentar e as outras para nos aconselhar ao bem?
8º Que direis de um pai que deixasse o filho à mercê dos exemplos e dos conselhos perniciosos, e que o afastasse de si; que o privasse do contacto com as pessoas que o pudessem desviar do mal? Ser-nos-á lícito supor que Deus procede como um bom pai não procederia, e que, sendo ele a bondade por excelência, faça menos do que faria um homem?
9º A Igreja reconhece como autênticas certas manifestações da Virgem e de outros santos, em aparições, visões, comunicações orais, etc. Essa crença não está em contradição com a doutrina da comunicação exclusiva dos demônios?
Acreditamos que algumas pessoas hajam professado de boa-fé essa teoria; mas, também cremos que muitas a adotaram unicamente com o fito de fazer que outras fugissem de ocupar-se com tais coisas, pelo temor das comunicações más, a cujo recebimento todos estão sujeitos. Dizendo que só o diabo se manifesta, quiseram aterrorizar, quase como se faz com uma criança a quem se diz: não toques nisto, porque queima. A intenção pode ter sido louvável; porém, o objetivo falhou, porquanto a só proibição basta para excitar a curiosidade e bem poucos são aqueles a quem o medo do diabo tolhe a iniciativa. Todos querem vê-lo, quando mais não seja para saber como é feito e muito espantados ficam por não o acharem tão feio como o imaginavam.
E não se poderia achar também outro motivo para essa teoria exclusiva do diabo? Gente há, para quem todos os que não lhe são do mesmo parecer estão em erro. Ora, os que pretendem que todas as comunicações provêm do demônio não serão a isso induzidos pelo receio de que os Espíritos não estejam de acordo com eles sobre todos os pontos, mais ainda sobre os que se referem aos interesses deste mundo, do que sobre os que concernem aos do outro? Não podendo negar os fatos, entenderam de apresentá-los sob forma apavorante. Esse meio, entretanto, não produziu melhor resultado do que os outros. Onde o temor do ridículo se mostre impotente, forçoso é se deixem passar as coisas.
O muçulmano, que ouvisse um Espírito falar contra certas leis do Alcorão, certamente acreditaria tratar-se de um mau Espírito. O mesmo se daria com um judeu, pelo que toca a certas práticas da lei de Moisés. Quanto aos católicos, de um ouvimos que o Espírito que se comunica não podia deixar de ser o diabo, porque se permitira a liberdade de pensar de modo diverso do dele, acerca do poder temporal, se bem que, em suma, o Espírito não houvesse pregado senão a caridade, a tolerância, o amor do próximo e a abnegação das coisas deste mundo, preceitos todos ensinados pelo Cristo.
Não sendo os Espíritos mais do que as almas dos homens e não sendo estes perfeitos, o que se segue é que há Espíritos igualmente imperfeitos, cujos caracteres se refletem nas suas comunicações. É fato incontestável haver, entre eles, maus, astuciosos, profundamente hipócritas, contra os quais preciso se faz que estejamos em guarda. Mas, porque se encontram no mundo homens perversos, é isto motivo para nos afastarmos de toda a sociedade? Deus nos outorgou a razão e o discernimento para apreciarmos, assim os Espíritos, como os homens. O melhor meio de se obviar aos inconvenientes da prática do Espiritismo não consiste em proibi-la, mas em fazêlo compreendido. Um receio imaginário apenas por um instante impressiona e não atinge a todos. A realidade claramente demonstrada, todos a compreendem.
Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, 1ª Parte, Cap. IV.
Tuesday, January 10, 2006
Sistema do charlatanismo
Num salão muito respeitável, um senhor, que se dizia bem educado, tendo-se permitido fazer uma reflexão dessa natureza, ouviu da dona da casa o seguinte: "Senhor, pois que não estais satisfeito, à porta vos será restituído o que pagastes." E, com um gesto, lhe indicou o que de melhor tinha a fazer. Dever-se-á por isso afirmar que nunca houve abuso? Para crê-lo, fora mister admitir-se que os homens são perfeitos. De tudo se abusa, até das coisas mais santas. Por que não abusariam do Espiritismo? Porém, o mau uso que de uma coisa se faça não autoriza que ela seja prejulgada desfavoravelmente. Para chegar-se à verificação, que se pode obter, da boa-fé com que obram as pessoas, deve-se atender aos motivos que lhes determinam o procedimento. O charlatanismo não tem cabimento onde não há especulação.
Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, 1ª parte, Cap. IV.
Monday, January 09, 2006
O Espiritismo e a Ciência
Participa da segunda, por não ser esse ensino privilégio de indivíduo algum, mas ministrado a todos do mesmo modo; por não serem os que o transmitem e os que o recebem seres passivos, dispensados do trabalho da observação e da pesquisa, por não renunciarem ao raciocínio e ao livre-arbítrio; porque não lhes é interdito o exame, mas, ao contrário, recomendado; enfim, porque a doutrina não foi ditada completa, nem imposta à crença cega; porque é deduzida, pelo trabalho do homem, da observação dos fatos que os Espíritos lhe põem sob os olhos e das instruções que lhe dão, instruções que ele estuda, comenta, compara, a fim de tirar ele próprio as ilações e aplicações. Numa palavra, o que caracteriza a revelação espírita é o ser divina a sua origem e da iniciativa dos Espíritos, sendo a sua elaboração fruto do trabalho do homem.
Como meio de elaboração, o Espiritismo procede exatamente da mesma forma que as ciências positivas, aplicando o método experimental. Fatos novos se apresentam, que não podem ser explicados pelas leis conhecidas; ele os observa, compara, analisa e, remontando dos efeitos às causas, chega à lei que os rege; depois, deduz-lhes as conseqüências e busca as aplicações úteis. Não estabeleceu nenhuma teoria preconcebida; assim, não apresentou como hipóteses a existência e a intervenção dos Espíritos, nem o perispírito, nem a reencarnação, nem qualquer dos princípios da doutrina; concluiu pela existência dos Espíritos, quando essa existência ressaltou evidente da observação dos fatos, procedendo de igual maneira quanto aos outros princípios. Não foram os fatos que vieram a posteriori confirmar a teoria: a teoria é que veio subseqüentemente explicar e resumir os fatos. É, pois, rigorosamente exato dizer-se que o Espiritismo é uma ciência de observação e não produto da imaginação. As ciências só fizeram progressos importantes depois que seus estudos se basearam sobre o método experimental; até então, acreditou-se que esse método também só era aplicável à matéria, ao passo que o é também às coisas metafísicas.
Citemos um exemplo. Passa-se no mundo dos Espíritos um fato muito singular, de que seguramente ninguém houvera suspeitado: o de haver Espíritos que se não consideram mortos. Pois bem, os Espíritos superiores, que conhecem perfeitamente esse fato, não vieram dizer antecipadamente: «Há Espíritos que julgam viver ainda a vida terrestre, que conservam seus gostos, costumes e instintos.» Provocaram a manifestação de Espíritos desta categoria para que os observássemos. Tendo-se visto Espíritos incertos quanto ao seu estado, ou afirmando ainda serem deste mundo, julgando-se aplicados às suas ocupações ordinárias, deduziu-se a regra. A multiplicidade de fatos análogos demonstrou que o caso não era excepcional, que constituía uma das fases da vida espírita; pode-se então estudar todas as variedades e as causas de tão singular ilusão, reconhecer que tal situação é sobretudo própria de Espíritos pouco adiantados moralmente e peculiar a certos gêneros de morte; que é temporária, podendo, todavia, durar semanas, meses e anos. Foi assim que a teoria nasceu da observação. O mesmo se deu com relação a todos os outros princípios da doutrina.
Assim como a Ciência propriamente dita tem por objeto o estudo das leis do princípio material, o objeto especial do Espiritismo é o conhecimento das leis do princípio espiritual. Ora, como este último princípio é uma das forças da Natureza, a reagir incessantemente sobre o princípio material e reciprocamente, segue-se que o conhecimento de um não pode estar completo sem o conhecimento do outro. O Espiritismo e a Ciência se completam reciprocamente; a Ciência, sem o Espiritismo, se acha na impossibilidade de explicar certos fenômenos só pelas leis da matéria; ao Espiritismo, sem a Ciência, faltariam apoio e comprovação. O estudo das leis da matéria tinha que preceder o da espiritualidade, porque a matéria é que primeiro fere os sentidos. Se o Espiritismo tivesse vindo antes das descobertas científicas, teria abortado, como tudo quanto surge antes do tempo.
Um último caráter da revelação espírita, a ressaltar das condições mesmas em que ela se produz, é que, apoiandose em fatos, tem que ser, e não pode deixar de ser, essencialmente progressiva, como todas as ciências de observação. Pela sua substância, alia-se à Ciência que, sendo a exposição das leis da Natureza, com relação a certa ordem de fatos, não pode ser contrária às leis de Deus, autor daquelas leis. As descobertas que a Ciência realiza, longe de o rebaixarem, glorificam a Deus; unicamente destroem o que os homens edificaram sobre as falsas idéias que formaram de Deus.
O Espiritismo, pois, não estabelece como princípio absoluto senão o que se acha evidentemente demonstrado, ou o que ressalta logicamente da observação. Entendendo com todos os ramos da economia social, aos quais dá o apoio das suas próprias descobertas, assimilará sempre todas as doutrinas progressivas, de qualquer ordem que sejam, desde que hajam assumido o estado de verdades práticas e abandonado o domínio da utopia, sem o que ele se suicidaria.
Deixando de ser o que é, mentiria à sua origem e ao seu fim providencial. Caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrassem estar em erro acerca de ponto qualquer, ele se modificaria nesse ponto. Se uma verdade nova se revelar, ele a aceitará.
A Gênese, Cap. I, 13 a 16 e 55.
Friday, January 06, 2006
Alma, Espírito, Perispírito, Fluidos (Universal e Vital) e Princípio Vital
O Livro dos Espíritos – 1857
O Livro dos Médiuns – 1861
A Gênese – 1868
e ainda
O Espiritismo em sua mais simples expressão
O que é o Espiritismo
E Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas
todos codificados por Allan Kardec
Revista Espírita
(Jornal de Estudos Psicológicos publicado sobre a direção de Allan Kardec),
Ano VII, maio de 1864, pág. 138 e 139 - EDICEL.
Pesquisa feita por Elio Mollo - retirada do site: http://www.terraespiritual.locaweb.com.br/espiritismo/Apost1_alma.doc
ALMA, PRINCÍPIO VITAL E FLUIDO VITAL
ALMA (do lat. anima; gr. anemos, sopro, emanação, ar).
Allan Kardec na Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita (O LIVRO DOS ESPÍRITOS)
(...)
Segundo uns, a alma é o princípio da vida material orgânica. Não tem existência própria e se ani-quila com a vida: é o materialismo puro. Neste sentido e por comparação, diz-se de um instrumento ra-chado, que nenhum som mais emite: não tem alma. De conformidade com essa opinião, a alma seria efeito e não causa.
Pensam outros que a alma é o princípio da inteligência, agente universal do qual cada ser absorve uma certa porção. Segundo esses, não haveria em todo o Universo senão uma só alma a distribuir cente-lhas pelos diversos seres inteligentes durante a vida destes, voltando cada centelha, mortos ou seres, à fonte comum, a se confundir com o todo, como os regatos e os rios voltam ao mar, donde saíram.
Essa opinião difere da precedente em que, nesta hipótese, não há em nós somente matéria, sub-sistindo alguma coisa após a morte. Mas é quase como se nada subsistisse, porquanto, destituídos de individualidade, não mais teríamos consciência de nós mesmos. Dentro desta opinião, a alma universal seria Deus, e cada ser um fragmento da divindade. Simples variante do panteísmo.
Segundo outros, finalmente, a alma é um ser moral, distinto, independente da matéria e que con-serva sua individualidade após a morte. Esta acepção é, sem contradita, a mais geral, porque, debaixo de um nome ou de outro, a idéia desse ser que sobrevive ao corpo se encontra, no estado de crença instinti-va, não derivada de ensino, entre todos os povos, qualquer que seja o grau de civilização de cada um. Essa doutrina, segundo a qual a alma é causa e não efeito, é a dos espiritualistas.
Sem discutir o mérito de tais opiniões e considerando apenas o lado lingüístico da questão, diremos que estas três aplicações do termo alma correspondem a três idéias distintas, que demandariam, para serem expressas, três vocábulos diferentes. Aquela palavra tem, pois, tríplice acepção e cada um, do seu ponto de vista, pode com razão defini-la como o faz. O mal está em a língua dispor somente de uma palavra para exprimir três idéias. A fim de evitar todo equívoco, seria necessário restringir-se a acepção do termo alma a uma daquelas idéias. A escolha é indiferente; o que se faz mister é o entendimento entre todos reduzindo-se o problema a uma simples questão de convenção. Julgamos mais lógico tomá-lo na sua acepção vulgar e por isso chamamos
ALMA ao ser imaterial e individual que em nós reside e sobrevive ao corpo.
(...)
Concebe-se que, com uma acepção múltipla, o termo alma não exclui o materialismo, nem o panteísmo. O próprio espiritualismo pode entender a alma de acordo com uma ou outra das duas primeiras definições, sem prejuízo do Ser imaterial distinto, a que então dará um nome qualquer. Assim, aquela palavra não representa uma opinião: é um Proteu, que cada um ajeita a seu bel-prazer. Daí tantas disputas intermináveis.
Evitar-se-ia igualmente a confusão, embora usando-se do termo alma nos três casos, desde que se lhe acrescentasse um qualificativo especificando o ponto de vista em que se está colocado, ou a apli-cação que se faz da palavra. Esta teria, então, um caráter genérico, designando, ao mesmo tempo, o princípio da vida material, o da inteligência e o do senso moral, que se distinguiriam mediante um atributo, como os gases, por exemplo, que se distinguem aditando-se ao termo genérico as palavras hidrogênio, oxigênio ou azoto. Poder-se-ia, assim dizer, e talvez fosse o melhor,
a alma vital - indicando o princípio da vida material;
a alma intelectual - o princípio da inteligência, e
a alma espírita - o da nossa individualidade após a morte.
Como se vê, tudo isto não passa de uma questão de palavras, mas questão muito importante quando se trata de nos fazermos entendidos. De conformidade com essa maneira de falar,
a alma vital seria comum a todos os seres orgânicos: plantas, animais e homens;
a alma intelectual pertenceria aos animais e aos homens; e
a alma espírita somente ao homem.
O LIVRO DOS ESPÍRITOS, PARTE 2a - CAPÍTULO II, obra codificada por Allan Kardec
134. Que é a alma?
“Um Espírito encarnado.”
Observação do autor desta apostila: Note-se que a alma no mundo dos Espíritos utiliza-se do perispírito para a mani-festação da sua individualidade, assim, no mundo espiritual a alma + perispírito = Espírito, e, quando na Terra é um Espírito en-carnado, ou melhor, alma + perispírito + corpo físico = homem. (Ver O que é o Espiritismo - Cap. II, item 9, 10 e 14 - (obra de autoria de Allan Kardec).
134a) - Que era a alma antes de se unir ao corpo?
“Espírito.”
134b) - As almas e os Espíritos são, portanto, idênticos, a mesma coisa?
“Sim, as almas não são senão os Espíritos. Antes de se unir ao corpo, a alma é um dos seres inteli-gentes que povoam o mundo invisível, os quais temporariamente revestem um invólucro carnal para se purificarem e esclarecerem.”
135. Há no homem alguma outra coisa além da alma e do corpo?
“Há o laço que liga a alma ao corpo.”
135a) - De que natureza é esse laço?
“Semimaterial, isto é, de natureza intermédia entre o Espírito e o corpo. É preciso que seja assim para que os dois se possam comunicar um com o outro. Por meio desse laço é que o Espírito atua sobre a matéria e reciprocamente.”
NOTA DE ALLAN KARDEC - O homem é, portanto, formado de três partes essenciais:
1o - o corpo ou ser material, análogo ao dos animais e animado pelo mesmo princípio vital;
2o - a alma, Espírito encarnado que tem no corpo a sua habitação;
3o - o princípio intermediário, ou perispírito, substância semimaterial que serve de primeiro envoltório ao Espírito e liga a alma ao corpo. Tais, num fruto, o gérmen, o perisperma e a casca.
136. A alma independe do princípio vital?
“O corpo não é mais do que envoltório, repetimo-lo constantemente.”
136a) - Pode o corpo existir sem a alma?
“Pode; entretanto, desde que cessa a vida do corpo, a alma o abandona. Antes do nascimento, ainda não há união definitiva entre a alma e o corpo; enquanto que, depois dessa união se haver estabelecido, a morte do corpo rompe os laços que o prendem à alma e esta o abandona. A vida orgânica pode animar um corpo sem alma, mas a alma não pode habitar um corpo privado de vida orgânica.”
136b) - Que seria o nosso corpo, se não tivesse alma?
“Simples massa de carne sem inteligência, tudo o que quiserdes, exceto um homem.”
149. Em que se torna alma no instante da morte?
“Torna-se Espírito; isto é, entra no mundo dos Espíritos que havia deixado momentaneamente”.
Observação do autor desta pesquisa: De alma + perispírito + corpo físico = homem a alma volta a ser Espírito, ou seja, alma + perispírito = Espírito. (Ver O que é o Espiritismo - Cap. II, item 9, 10 e 14 (obra de autoria de Allan Kardec).
O que é o Espiritismo - Cap. II, item 9, 10 e 14 - (obra codificada por Allan Kardec).
9. Quando a alma está ligada ao corpo, durante a vida, tem duplo envoltório: um pesado e grosseiro e perecível, que é o corpo; o outro fluídico, leve e indestrutível, chamado perispírito.
10. Existem, portanto, no homem, três elementos essenciais:
1o . A alma ou Espírito, princípio inteligente onde residem o pensamento, a vontade e o senso moral;
2o . O corpo, envoltório material que põe o Espírito em relação com o mundo exterior;
3o. O perispírito, invólucro fluídico, leve, imponderável, servindo de liame e de intermediário entre o Espírito e o Corpo.”
14. A união da alma, do perispírito, e do corpo material constitui o homem. A alma e o perispírito separados do corpo constituem a ser a que chamamos Espírito.
NOTA DE ALLAN KARDEC referindo-se aos itens acima citados:
A alma é assim um ser simples;
O Espírito um ser duplo, e
O homem um ser triplo.
Seria portanto mais exato reservar a palavra alma para designar o princípio inteligente, e a palavra Espírito para o ser semimaterial formado desse princípio e do corpo fluídico. Mas como não se pode conceber o princípio inteligente sem ligação material, as palavras alma e Espírito são, no uso comum, indiferentemente empregadas uma pela outra; é a figura que consiste em tomar a parte pelo todo, da mesma forma que se diz que uma cidade é habitada por tantas almas, uma vila composta de tantas casas; porém, filosoficamente é essencial fazer-se a diferença.
Revista Espírita (Jornal de Estudos Psicológicos publicado sobre a direção de Allan Kardec),
Ano VII, maio de 1864, pág. 138 e 139 - EDICEL.
As palavras alma e Espírito, posto que sinônimas e empregadas indiferentemente, não exprimem exatamente a mesma idéia. A alma é, a bem dizer, o princípio inteligente, imperceptível e indefinido como o pensamento. No estado dos nossos conhecimentos, não podemos concebê-lo isolado da matéria de maneira absoluta. Posto que formado de matéria sutil, o perispírito, dele faz um ser limitado, definido e circunscrito a sua individualidade espiritual. De onde se pode formular esta proposição:
A união da alma, do perispírito e do corpo material constitui o HOMEM;
A alma e o perispírito separados do corpo constituem o ser chamado ESPÍRITO.
Nas manifestações espíritas não é, pois, a alma que se apresenta só; esta sempre revestida de seu envoltório fluídico; esse envoltório é o necessário intermediário, através do qual ela age sobre a matéria compacta. Nas aparições não é a alma que se vê, mas o perispírito; do mesmo modo que quan-do se vê um homem vê-se seu corpo, mas não o pensamento, a força, o princípio que o faz agir.
Em resumo,
A alma é um ser simples, primitivo;
o Espírito o ser duplo e
o homem o ser triplo.
Se se confundir o homem com roupas, teremos um ser quádruplo. Na circunstância de que se trata, o vocábulo Espírito é o que melhor corresponde à coisa expressa. Pelo pensamento representa-se um Espírito, mas não se representa uma alma.
ESPÍRITO (Do lat. spiritus, de spirare, soprar).
Allan Kardec, no livro Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas
No sentido especial da doutrina espírita, os espíritos são seres inteligentes da criação e povoam o Universo fora do mundo corpóreo.
O LIVRO DOS ESPÍRITOS, LIVRO 2o - CAPÍTULO I, obra codificada por Allan Kardec
76. Que definição se pode dar dos Espíritos?
“Pode dizer-se que os Espíritos são os seres inteligentes da criação. Povoam o Universo, fora do mundo material.”( )
A natureza íntima dos Espíritos nos é desconhecida; eles mesmos não a podem definir, seja por ignorância, seja pela insuficiência da nossa linguagem. Somos a este respeito como cegos de nascença em face da luz. Segundo o que eles nos dizem, o Espírito não é material no sentido vulgar da palavra; não é tampouco imaterial em sentido absoluto, porque o Espírito é alguma coisa e a imaterialidade abso-luta seria o nada. O Espírito é, pois, formado de uma substância, mas da qual a matéria grosseira que impressiona nossos sentidos não pode dar-nos uma idéia. Pode-se compará-lo a uma chama ou centelha cujo brilho varia segundo o grau de purificação. Pode tomar todas as espécies de formas por meio do pe-rispírito de que está envolvido.
ESPÍRITO ELEMENTAR (ALMA)( )
Allan Kardec, no livro Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas (Vocabulário Espírita)
Espírito elementar - Espírito considerado em si mesmo e feita abstração de seu perispírito ou in-vólucro material.(Alma)
O LIVRO DOS ESPÍRITOS, LIVRO 1o - CAPÍTULO II, obra codificada por Allan Kardec
23. Que é o Espírito?(ALMA)
“O princípio inteligente do Universo.” (Ver O que é o Espiritismo - Cap. II, item 9, 10 e 14 - (obra codificada por Allan Kardec)).
PERISPÍRITO De per, em redor, e spiritus, espírito.
Allan Kardec, no livro Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas
Invólucro semimaterial do Espírito depois da sua separação do corpo. O Espírito o tira do mundo em que se acha e o troca ao passar de um a outro; ele é mais ou menos sutil ou grosseiro, segundo a natureza de cada globo. O perispírito pode tomar todas as formas à vontade do Espírito; ordinariamente ele assume a imagem que este tinha em sua última existência corporal.
Embora de natureza etérea, a substância do perispírito é suscetível de certas modificações que a tornam perceptível à nossa vista. É o que se dá nas aparições. Ela pode até, por sua união com o fluido de certas pessoas, torna-se temporariamente tangível, isto é, oferecer ao toque a resistência de um corpo sólido, como se vê nas aparições estereológicas ou palpáveis.
A natureza íntima do perispírito não é ainda conhecida; mas poder-se-ia supor que a matéria do corpo é composta de uma parte sólida e grosseira e de uma parte sutil e etérea; ao passo que a segunda persiste e segue o espírito. O espírito teria, assim, um duplo invólucro; a morte apenas o despojaria do mais grosseiro; o segundo, que constitui o perispírito, conservaria o tipo a forma da primeira, da qual ele é como a sombra; mas sua natureza essencialmente vaporosa permite ao Espírito modificar esta forma à sua vontade, torná-la visível, palpável ou impalpável.
O perispírito é, para o Espírito, o que o perisperma e para o germe do fruto. A amêndoa, despo-jada do seu invólucro lenhoso, encerra o germe sob o invólucro delicado do perisperma.
FLUIDO UNIVERSAL
Questão 27 de «O LIVRO DOS ESPÍRITOS»
Deus, espírito e matéria constituem o princípio de tudo o que existe, é a trindade Universal.
Deus é a inteligência suprema causa primária de todas as coisas.(q. 1 – LE)
O Espírito (Alma) é o princípio inteligente.
Para que o Espírito possa exercer ação sobre a matéria tem que se juntar o fluido universal, pois, é ele que desempenha o papel intermediário entre o Espírito e a matéria grosseira.
É lícito até certo ponto, classificar o fluido universal com o elemento material, porém, ele se dis-tingue, deste por propriedades especiais. Este fluido deve ser considerado como sendo um elemento se-mimaterial, pois, está situado entre o Espírito e a matéria.
Esse fluido universal, ou primitivo, ou elementar, sendo o agente de que o Espírito se utiliza; é o princípio sem o qual a matéria estaria em perpétuo estado de divisão e nunca adquiriria as qualidades que a gravidade lhe dá.
FLUIDO VITAL
Allan Kardec na Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita (O LIVRO DOS ESPÍRITOS)e em nota referindo-se as questões de 68 a 70 LE.
O fluido vital é o mesmo que o fluido elétrico animalizado, designado, também, sob os nomes de fluido magnético, fluido nervoso, etc.
A quantidade de fluido vital não é fator absoluto para todos os seres orgânicos; varia segundo as espécies e, não é fator constante, seja no mesmo indivíduo, seja nos indivíduos da mesma espécie. Exis-tem alguns que são, por assim dizer, saturados, enquanto outros dispõem apenas de uma quantidade suficiente; daí, para alguns, a vida é mais ativa, mais vibrante e, de certo modo superabundante.
A quantidade de fluido vital se esgota; pode a vir a ser insuficiente para manter a vida, se não renovado pela absorção e a assimilação das substância que o contém.
O fluido vital se transmite de um indivíduo para o outro. Aquele que tem o bastante, pode dá-lo aquele que tem pouco e, em certos casos restabelecer a vida prestes a se apagar.
PRINCÍPIO VITAL
O LIVRO DOS ESPÍRITOS – questões de 60 à 67
O princípio vital é a força motriz dos corpos orgânicos, comum a todos os seres vivos, desde as plantas até os homens.
Esse princípio reside no fluido universal. Ele é um elemento distinto e independente. É dele que o Espírito extrai o envoltório semimaterial que constitui o seu perispírito e, é por meio desse fluido que atua sobre a matéria.
Sua união com a matéria causa a animalização, ou seja, é o que dá vida a matéria e tem por fonte o fluido vital também chamado de fluido magnético ou fluido elétrico.
O princípio vital é modificado segundo as espécies. É ele que dá movimento e atividade a matéria orgânica, distinguindo-a da matéria inerte, porquanto o movimento da matéria não é a vida. Esse movi-mento ela o recebe não o dá.
Quando os seres orgânicos morrem sua matéria se decompõem indo formar outros organismos. O princípio vital retorna a massa de onde saiu.
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O Espiritismo é ao mesmo tempo, uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência, consiste nas relações que podem estabelecer com os Espíritos; como filosofia, compre-ende todas as conseqüências morais que decorrem dessas relações.
Podemos assim defini-lo:
O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, da origem e do destino dos Espíritos, e de suas relações com o mundo corporal.
Allan Kardec, no livro «O QUE É O ESPIRITISMO», (Preâmbulo).
14. – Como meio de elaboração, o Espiritismo procede exatamente da mesma forma que as ciências positivas, aplicando o método experimental. Fatos novos se apresentam, que não podem ser explicados pelas leis conhecidas; ele os observa, compara, analisa e, remontando dos efeitos às causas, chega à lei que os rege; depois, deduz-lhes as conseqüências e busca as apli-cações úteis. Não estabeleceu nenhuma teoria preconcebida; assim, não apresentou como hi-póteses a existência e a intervenção dos Espíritos, nem o perispírito, nem a reencarnação, nem qualquer dos princípios da doutrina; concluiu pela existência dos Espíritos, quando essa existên-cia ressaltou evidente da observação dos fatos, procedendo de igual maneira quanto aos outros princípios. Não foram os fatos que vieram a posteriori confirmar a teoria: a teoria é que veio sub-seqüentemente explicar e resumir os fatos. É, pois, rigorosamente exato dizer-se que o Espiritis-mo é uma ciência de observação e não produto da imaginação. As ciências só fizeram progres-sos importantes depois que seus estudos se basearam sobre o método experimental; até então, acreditou-se que esse método também só era aplicável à matéria, ao passo que o é também às coisas metafísicas.
55. – Um último caráter da revelação espírita, a ressaltar das condições mesmas em que ela se produz, é que, apoiando-se em fatos, tem que ser, e não pode deixar de ser, essencial-mente progressiva, como todas as ciências de observação. Pela sua substância, alia-se à Ciência que, sendo a exposição das leis da Natureza, com relação a certa ordem de fatos, não pode ser contrária às leis de Deus, autor daquelas leis. As descobertas que a Ciência realiza, longe de o rebaixarem, glorificam a Deus; unicamente destroem o que os homens edificaram sobre as falsas idéias que formaram de Deus.
O Espiritismo, pois, não estabelece como princípio absoluto senão o que se acha eviden-temente demonstrado, ou o que ressalta logicamente da observação. Entendendo com todos os ramos da economia social, aos quais dá o apoio das suas próprias descobertas, assimilará sem-pre todas as doutrinas progressivas, de qualquer ordem que sejam, desde que hajam assumido o estado de verdades práticas e abandonado o domínio da utopia, sem o que ele se suicidaria. Deixando de ser o que é, mentiria à sua origem e ao seu fim providencial. Caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe de-monstrassem estar em erro acerca de um ponto qualquer, ele se modificaria nesse ponto. Se uma verdade nova se revelar, ele a aceitará.
Allan Kardec, no livro «A GÊNESE», itens 14 e 55.
Minha primeira iniciação no Espiritismo
Algum tempo depois revi o Sr. Fortier, e ele me disse: "Eis que é muito mais extraordinário; não só se faz a mesa girar magnetizando-a, mas a faz falar; interrogada ela responde. – Isto, repliquei, é uma outra questão; crerei nisso quando o vir, e quando se me tiver provado que uma mesa tem um cérebro para pensar, nervos para sentir, e que possa se tornar sonâmbula; até lá, permiti-me nisso não ver senão uma história de fazer dormir."
Este raciocínio era lógico; eu concebia a possibilidade do movimento por uma força mecânica, mas, ignorando a causa e a lei do fenômeno, parecia-me absurdo atribuir inteligência a uma coisa puramente material. Estava na posição dos incrédulos de nossos dias que negam porque não vêem senão um fato do qual não se dão conta. Há 50 anos, se se tivesse dito, pura e simplesmente, a alguém que se podia transmitir um despacho a 500 léguas, e receber-lhe a resposta em uma hora, se vos riria na cara, não teriam faltado excelentes razões científicas para provar que a coisa era materialmente impossível. Hoje, quando a lei da eletricidade é conhecida, isto não espanta ninguém, mesmo os camponeses. Ocorre o mesmo com todos os fenômenos espíritas; para quem não conhece as leis que o regem, parecem sobrenaturais, maravilhosos, e, por conseqüência, impossíveis e ridículos; uma vez conhecida a lei, o maravilhoso desaparece; a coisa nada mais tem que repugne à razão, porque se lhe compreende a possibilidade.
Disso estava, pois, no período de um fato inexplicado, em aparência contrário às leis da Natureza, e que a minha razão repelia. Ainda nada tinha visto, nem nada observado; as experiências, feitas na presença de pessoas honradas e dignas de fé, me confirmaram na possibilidade do efeito puramente material, mas a idéia de uma mesa falante não entrava ainda no meu cérebro.
No ano seguinte, era no começo de 1855, encontrei o Sr. Carlotti, um amigo de vinte e cinco anos, que me entreteve com esses fenômenos durante quase uma hora, com o entusiasmo que punha em todas as idéias novas. O Sr. Carlotti era Corso, de uma natureza ardente e enérgica; sempre estimara nele as qualidades que distinguem uma grande e bela alma, mas desconfiava de sua exaltação. Foi primeiro que me falou da intervenção dos Espíritos, e me contou tantas coisas surpreendentes que, longe de me convencer, aumentou as minhas dúvidas. Sereis um dia dos nossos, disse-me. Não digo não, respondi-lhe; veremos isso mais tarde.
Algum tempo depois, pelo mês de maio de 1855, me encontrei na casa da sonâmbula, Sra. Roger, com o Sr. Fortier, seu magnetizador; encontrei o Sr. Pâtier e a Sra. de Plainemaison que me falaram desses fenômenos no mesmo sentido do Sr. Carlotti, mas num outro tom. O Sr. Pâtier era um funcionário público, de uma certa idade, homem muito instruído, de um caráter sério, frio e calmo; sua linguagem firme, isenta de todo entusiasmo, fez sobre mim uma viva impressão, e, quando me ofereceu para assistir às experiências, que ocorriam na casa da Sra. de Plainemaison, rua Grange-Batelière, nº 18, aceitei prontamente. O encontro foi marcado para a terça-feira, mas, às oito horas da noite.
Foi lá, pela primeira vez, que fui testemunha do fenômeno das mesas girantes, e isso em condições tais que não me era mais possível a dúvida. Vi também algumas tentativas, muito imperfeitas, de escrita medianímica, sobre uma ardósia, com a ajuda de uma cesta. As minhas idéias estavam longe de ser detidas, mas havia ali um fato que deveria ter uma causa. Entrevi, sob essas futilidades aparentes e a espécie de jogo que se fazia desses fenômenos, alguma coisa de séria, e como a revelação de uma nova lei, que me prometia aprofundar.
Logo se ofereceu a ocasião de observar mais atentamente do que não o havia feito ainda. Num dos saraus da Sra. de Plainemaison, conheci a família Baudin, que morava então na rua Rochechouart. O Sr. Baudin ofereceu-me para assistir às sessões semanais que ocorriam em sua casa, e para as quais fui, desde esse momento, muito assíduo.
Essas reuniões eram bastante numerosas; além dos habituais, ali se admitia, sem dificuldade, a quem pedisse. As duas médiuns eram as Srtas. Baudin, que escreviam sobre uma ardósia com a ajuda de uma cesta, dita pião, descrita em O Livro dos Médiuns. Esse modo, que exige o concurso de duas pessoas, excluía toda possibilidade de participação das idéias do médium. Ali, vi comunicações seguidas, e respostas dadas às perguntas propostas, algumas vezes mesmo a perguntas mentais que acusavam, de maneira evidente, a intervenção de uma inteligência estranha.
Os assuntos tratados eram geralmente frívolos; ocupava-se ali sobretudo de todas as coisas ligadas à vida material, ao futuro, em uma palavra, a nada de verdadeiramente sério; a curiosidade e o divertimento eram os principais móveis dos assistentes. O Espírito que se manifestava habitualmente, tomava o nome de Zéfiro, nome perfeitamente em relação com o seu caráter e o da reunião; todavia, era muito bom, e se declarara o protetor da família; freqüentemente, se ele tinha a palavra para rir, sabia também, em caso de necessidade, dar sábios conselhos, e manejar, sendo o caso, o epigrama mordaz e espirituoso. Logo travamos conhecimento, e ele me deu, constantemente, provas de uma grande simpatia. Não era um Espírito muito avançado, mas, mais tarde, assistido pelos Espírito superiores, me ajudou nos meus primeiros trabalhos. Disse depois que deveria se reencarnar, e dele não ouvi mais falar.
Foi lá que fiz os meus primeiros estudos sérios em Espiritismo, menos ainda pela revelação do que pela observação. Apliquei a essa nova ciência, como o fizera até então, o método da experimentação; jamais ocasionei teorias preconcebidas: observava atentamente, comparava, deduzia as conseqüências; dos efeitos procurava remontar às causas, pela dedução e o encadeamento lógico dos fatos, não admitindo uma explicação como válida senão quando podia resolver todas as dificuldades da questão. Foi assim que sempre procedi em meus trabalhos anteriores, desde a idade de 15 a 16 anos. Compreendi, desde logo, a seriedade da exploração que iria empreender; entrevi, nesses fenômenos, a chave do problema, tão obscuro e tão controverso, do passado e do futuro da Humanidade, a solução do que havia procurado em toda a minha vida; era, em uma palavra, toda uma revelação nas idéias e nas crenças; seria preciso, pois, agir com circunspeção, e não levianamente; ser positivo e não idealista, para não se deixar iludir.
Um dos primeiros resultados de minhas observações foi que os Espíritos, não sendo outros senão as almas dos homens, não tinham a soberana sabedoria, nem a soberana ciência; que o seu saber estava limitado ao grau de seu adiantamento, e que a sua opinião não tinha senão o valor de uma opinião pessoal. Essa verdade, reconhecida desde o princípio, me preservou do grande escolho de crer em sua infalibilidade, e me impediu de formular teorias prematuras sobre o dizer de um só ou de alguns.
Só o fato da comunicação com os Espíritos, seja o que for que se possa dizer, provava a existência do mundo invisível ambiente; era já um ponto capital, um campo imenso aberto à nossa exploração, a chave de uma multidão de fenômenos inexplicados; o segundo ponto, não menos importante, era o de conhecer o estado desse mundo, seus costumes, podendo-se assim se exprimir; vi logo que, cada Espírito, em razão de sua posição pessoal e de seus conhecimentos, dele me desvendava uma fase, absolutamente como se chega a conhecer o estado de um país interrogando os habitantes de todas as classes e de todas as condições, cada um podendo nos ensinar alguma coisa, e nenhum, individualmente, não podendo nos ensinar tudo; cabe ao observador formar o conjunto com a ajuda de documentos recolhidos de diferentes lados, colecionados, coordenados e controlados uns pelos outros. Agi, pois, com os Espíritos, como o teria feito com os homens; foram para mim, desde o menor ao maior, meios de me informar, e não reveladores predestinados.
Tais foram as disposições com as quais empreendi, e sempre persegui os meus estudos espíritas; observar, comparar e julgar, tal foi a regra constante que segui.
Até as sessões na casa do Sr. Baudin, não tivera nenhum objetivo determinado; comecei ali a procurar resolver os problemas que me interessavam do ponto de vista da filosofia, da psicologia e da natureza do mundo invisível; chegava a cada sessão com uma série de perguntas preparadas, e metodicamente arrumadas; elas eram sempre respondidas com precisão, profundidade, e de maneira lógica. Desde esse momento as reuniões tiveram um outro caráter; entre os assistentes se encontravam pessoas sérias que por elas tomaram um vivo interesse, e se me ocorria de ali faltar, estava-se como inativo; as perguntas fúteis perderam seu atrativo para a maioria. De início, não tivera em vista senão a minha própria instrução; mais tarde, quando vi que isso formava um conjunto e tomava as proporções de uma doutrina, tive o pensamento de publicá-las para a instrução de todo o mundo. Foram as mesmas perguntas que, sucessivamente desenvolvidas e completadas, fizeram a base de O Livro dos Espíritos.
No ano seguinte, em 1856, segui ao mesmo tempo as reuniões espíritas que se tinham na rua Tiquetone, na casa do Sr. Roustan e Srta. Japhet, sonâmbula. Essas reuniões eram sérias e mantidas com ordem. As comunicações ocorriam por intermédio da Srta. Japhet, médium, com a ajuda de uma cesta de bico.
Meu trabalho estava em grande parte terminado, e tomava as proporções de um livro, mas pretendia fazê-lo controlado por outros Espíritos, com a ajuda de diferentes médiuns. Tive o pensamento de fazê-lo um motivo de estudos para as reuniões do Sr. Roustan; ao cabo de algumas sessões, os Espíritos disseram que preferiam revê-lo na intimidade, e me assinalaram, para esse efeito, certos dias para trabalhar, em particular, com a Srta. Japhet, a fim de fazê-lo com mais calma e também para evitar as indiscrições e os comentários prematuros do público.
Não me contentava com essa verificação; os Espíritos dela me fizeram a recomendação. As circunstâncias, tendo me colocado em relação com outros médiuns, cada vez que a ocasião se apresentava, disso aproveitava para propor algumas das questões que me pareciam as mais espinhosas. Foi assim que mais de dez médiuns prestaram a sua assistência para esse trabalho. Foi da comparação e da fusão de todas essas respostas coordenadas, classificadas, e muitas vezes refundidas no silêncio da meditação, que formei a primeira edição de O Livro dos Espíritos, que apareceu a 18 de abril de 1857.
Até o fim desse mesmo ano, as duas senhoritas Baudin se casaram; as reuniões não mais ocorreram, e a família se dispersou. Mas, então, as minhas relações começaram a se estender, e os Espíritos multiplicaram, para mim, os meios de instrução para os meus trabalhos ulteriores.
Allan Kardec, Obras Póstumas, Segunda Parte
Primeira revelação da minha missão
Eu assistia, desde algum tempo, às sessões que se realizavam em casa do Sr. Roustan e começara aí a revisão do meu trabalho, que posteriormente formaria O Livro dos Espíritos. (Veja-se a Introdução.) Numa dessas sessões, muito íntima, a que, apenas assistiam sete ou oito pessoas, falavam estas de diferentes coisas relativas aos acontecimentos capazes de acarretar uma transformação social, quando o médium, tomando da cesta, espontaneamente escreveu isto:
«Quando o grande sino soar, abandoná-lo-eis; apenas aliviareis o vosso semelhante; individualmente o magnetizareis, a fim de curá-lo. Depois, cada um no posto que lhe foi preparado, porque de tudo se fará mister, pois que tudo será destruído, ao menos temporariamente. Deixará de haver religião e uma se fará necessária, mas verdadeira, grande, bela e digna do Criador... Seus primeiros alicerces já foram colocados... Quanto a ti, Rivail, a tua missão é aí.
(Livre, a cesta se voltou rapidamente para o meu lado, como o teria feito uma pessoa que me apontasse com o dedo.)
A ti, M..., a espada que não fere, porém mata; contra tudo o que é, serás tu o primeiro a vir. Ele, Rivail, virá em segundo lugar: é o obreiro que reconstrói o que foi demolido.»
NOTA — Foi essa a primeira revelação positiva da minha missão e confesso que, quando vi a cesta voltar-se bruscamente para o meu lado e designar-me nominativamente, não me pude defender de certa emoção.
O Sr. M..., que assistia àquela reunião, era um moço de opiniões radicalíssimas, envolvido nos negócios políticos e obrigado a não se colocar muito em evidência. Acreditando que se tratava de uma próxima subversão, aprestou-se a tomar parte nela e a combinar planos de reforma. Era, aliás, homem brando e inofensivo.
Allan Kardec, Obras Póstumas, Segunda Parte.
Monday, January 02, 2006
A Antiguidade das manifestações dos Espíritos
Curso de Introdução ao Espiritismo
Centre Spirite Lyonnais Allan Kardec
Parte 1
A Antiguidade das manifestações dos Espíritos
A mediunidade sempre existiu, porque o homem sempre teve um Espírito. Assim as comunicações com os Espíritos tiveram lugar em todas as épocas e em regiões diversas. Se os fenômenos de obsessão vividos pela família Fox no século XIX deram nascença ao estudo do Espiritismo e à sua codificação, os fatos mediúnicos são tão antigos quanto a aparição do homem e os fenômenos de obsessão têm sido observados desde sempre.
Na Índia, encontra-se nos Vedas, que é o mais antigo código religioso que se conhece e que foi escrito vários milhares de anos antes de Jesus Cristo, a crença na existência dos Espíritos. O grande legislador Manou se exprime assim: «Os Espíritos dos ancestrais, no estado invisível, acompanham certos Brahmas; sob uma forma aérea, eles os seguem e tomam lugar ao seu lado quando se sentam.» (Manou, Slocas, 187, 188, 189).
Um outro autor hindu declara: « Algum tempo antes de se despojarem de seu envelope mortal, as almas que não praticaram senão o bem adquirem a faculdade de conversar com as almas dos que os precederam. »
Na China, desde tempos imemoriais, já se entregavam à evocação dos espíritos dos ancestrais.
No Egito, os magos dos faraós realizavam prodígios que são contados na Bíblia; deixando de lado tudo aquilo que pode haver de legendário nessas narrações, é certo que evocavam os mortos. Desde Moisés, seu discípulo, foi proibido formalmente aos Hebreus se entregarem à essas práticas: « Que, entre vós, ninguém use do sortilégio e de encantamentos ou interrogue os mortos para aprender a verdade. » (Deuteronômio).
Entre os hebreus, malgrado essa proibição de Moisés, vemos Saul consultar a pitonisa de Endor e, por seu intermediário, comunicar-se com a sombra de Samuel. De mais, sempre houve pesquisadores que foram tentados por essas evocações misteriosas: eles comunicavam uns aos outros uma doutrina secreta, que denominavam Cabala.
Na Grécia, a crença nas evocações era geral. Os templos possuíam todos, mulheres, denominadas pitonisas, encarregadas de receber os oráculos evocando os deuses. Homero, na Odisséia, descreveu minuciosamente as cerimônias pelas quais Ulisses podia conversar com a sombra do adivinho Tirésias. Apolônio de Tianá, sábio filósofo pitagórico e taumaturgo de grande poder, possuía conhecimento muito extenso sobre as ciências ocultas; sua vida é repleta de fatos extraordinários; ele acreditava firmemente nos Espíritos e em suas possíveis comunicações com os vivos.
Entre os Romanos, as práticas de evocação estavam excessivamente disseminadas, e, depois da fundação do império, o povo depositava grande fé nos oráculos. As sibilas romanas, evocando os mortos, interrogavam os Espíritos e eram consultadas sem cessar pelos generais, e nenhum empreendimento mais ou menos importante era decido sem que se tivesse de tomar o conselho preliminar dessas sacerdotisas.
Se acreditarmos em Tertuliano, o Espiritismo se exercia entre os antigos tanto quanto nos dias de hoje: « Se é dado, disse ele, aos magos fazer aparecer fantasmas, evocar as almas dos mortos, forçar crianças a transmitir os oráculos, se fazem um grande número de milagres, se enviam sonhos, se têm às suas ordens Espíritos mensageiros e demônios, razão pela qual as cabras e as mesas que profetizam são um fato vulgar, esses espíritos poderosos deveriam se esforçar em fazer para eles próprios o que fazem para o serviço de outros. »
Além dessas afirmações de Tertuliano, se pode citar ainda uma passagem de Ammien Marcellin, no caso Patricius e Hilarius, trazidos diante de um tribunal romano por crime de magia, que se defenderam contando « que eles tinham fabricado, com pedaços de loureiro, uma pequena mesa sobre a qual tinham colocado uma base circular, feita de vários metais, e contendo um alfabeto gravado sobre as bordas. Então, um homem vestido de linho, após haver recitado uma fórmula e feito uma evocação ao Deus da adivinhação, tinha suspendido por baixo da base um anel de fio de linho muito fino consagrado por meios misteriosos. Que o anel, saltando sucessivamente, mas sem confusão, sobre várias das letras gravadas e parando sobre cada uma, formava versos perfeitamente regulares, que eram as respostas exatas às questões colocadas. » Hilarius acrescenta: « Um dia, eles tinham perguntado que sucederia ao imperador atual, e, o anel, saltando, deu a sílaba Théo. Não perguntaram mais, persuadidos que este seria Teodoro. » Mas os fatos, diz Ammien Marcellin, desmentiram mais tarde os magos, mas não a predição: seria Teodósio.
Na Gália, os Druidas se comunicavam com o mundo invisível, milhares de testemunhas o atestam. Evocavam-se os mortos nos recintos de pedra. As Druidesas transmitiam os oráculos. Vários autores relatam que Vercingétorix se entretinha com as almas dos heróis mortos pela pátria. Antes de sublevar a Gália contra César, ele se deteve na Ilha de Sena, antiga morada das Druidesas. Lá, um gênio lhe apareceu e lhe predisse sua derrota e seu martírio.
Entre os primeiros cristãos, nos Atos dos Apóstolos, encontram-se numerosas indicações quanto às comunicações com os espíritos dos mortos. São Paulo em sua primeira epístola aos Coríntios, descreve sob o nome de dons espirituais, todos os gêneros de mediunidade. Ele se declara diretamente instruído, pela Igreja de Jesus, na Verdade evangélica. Tributou-se, por vezes, essas inspirações aos maus Espíritos, à quem alguns chamavam de o Espírito de Píton: « Meus bons amigos, dizia João, não creiam em todos os espíritos, mas verifiquem se os espíritos são de Deus. »
As práticas espíritas ficaram em uso durante vários séculos. Quase todos os filósofos alexandrinos, Filo, Amônio Saccas, Plotino, Porfírio, Arnobe, se diziam inspirados por gênios superiores; São Gregório, taumaturgo, recebeu os símbolos da fé do Espírito de São João. Santo Agostinho, o grande bispo de Hippone, em seu tratado De Curâ pro mortuis, fala das manifestações ocultas e acrescenta: « Por que não atribuir essas operações aos espíritos dos defuntos e não crer que a divina Providência fez um bom uso de tudo para instruir os homens, os consolar, os maravilhar ? »
Na Idade Média, as perseguições da Igreja contra os « heréticos » sufocaram a comunicação com o mundo invisível mas a tradição se conserva: pode-se segui-la na história com os nomes de Paracelso, Cornélio Agripina, Swedenborg, Jacob Boehm, Martinez Pascalis, o conde de Saint-Germain, Saint-Martin, os possessos de Loudun, os medrosos de Cévennes e os crisíacos do cemitério Saint-Médard.
Nenhum testemunho da intervenção dos Espíritos na vida dos povos é comparável à história tocante da virgem de Domrémy. No início do século XIV, a França agonizava sob o pé de ferro dos Ingleses. Com a ajuda de uma jovem moça, de uma criança de dezoito anos, as potências invisíveis reanimaram um povo desmoralizado, revelando seu patriotismo extinto, inflamando a resistência e salvando a França da morte. Joana nunca agia sem consultar suas vozes, e, seja sobre os campos de batalha, seja ante seus juízes, sempre elas inspiraram suas palavras e seus atos.
De mais, se reencontra a comunicação com os Espíritos através dos feiticeiros ou dos xamãs entre os numerosos povos da América, da Ásia, da Oceania e da África.
XXX
«Não obstante, o Espiritismo não é uma descoberta moderna. Os fatos e os princípios, sob os quais ele repousa, se perdem na noite dos tempos, pois seus traços se acham nas crenças dos povos, em todas as religiões, na maior parte dos escritores sacros e profanos. Apenas que, incompletamente observados, os fatos foram freqüentemente interpretados conforme as idéias supersticiosas da ignorância e sem que dos mesmos tivessem sido deduzidas todas as conseqüências.
O que há de moderno é a explicação lógica dos fatos, o conhecimento mais completo da natureza dos Espíritos, de sua missão e de seu modo de agir; a revelação do nosso estado futuro e, enfim, a constituição dele num corpo científico e doutrinário e suas múltiplas aplicações. Os antigos conheciam o princípio; os modernos conhecem as minúcias. Na Antigüidade o estudo desses fenômenos era privilégio de certas classes, que só o revelavam aos iniciados nesses mistérios; na Idade Média os que com ele se ocupavam ostensivamente eram tidos como feiticeiros e queimados vivos; hoje, porém, já não há mais mistérios para ninguém, ninguém é queimado, tudo se faz à luz meridiana e todo o mundo está disposto a instruir-se e praticar. Porque em toda parte se encontram médiuns e cada um pode sê-lo mais ou menos.
A doutrina hoje ensinada pelos Espíritos nada tem de novo; seus fragmentos são encontrados na maior parte dos filósofos da Índia, do Egito e da Grécia, e se completam nos ensinos de Jesus Cristo. A que vem, pois, o Espiritismo ? Vem confirmar com novos testemunhos e demonstrar com os fatos, verdades desconhecidas ou mal compreendidas e restabelecer em seu verdadeiro sentido aquelas que foram mal interpretadas ou deliberadamente alteradas.
O que é certo é que nada de novo ensina o Espiritismo. Mas será pouco provar de modo patente e irrecusável a existência da alma, sua sobrevivência ao corpo, sua individualidade após a morte, sua imortalidade, e as penas e recompensas futuras?»
(Allan Kardec – O que é o Espiritismo – Introdução)
É bom anotar:
- As manifestações dos Espíritos sempre existiram, em países e épocas diferentes.
- As manifestações dos Espíritos estão na base das religiões.
Para saber mais:
- Depois da Morte de Léon Denis. (1ª parte, a Doutrina secreta)
- O Fenômeno Espírita de Gabriel Delanne. (1ª parte, cap. I)
- Le Spiritisme du Dr Paul Gibier. (1ère partie, chap. IV)
- Le Spiritisme qu’en savons-nous ? de l’U.S.F.F. (2ème édition, page 59)
- Histoire du spiritualisme expérimental de César de Vesme.